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De James Brown ao 'Rap das armas'

Da "Melô da mulher feia" do MC Abdulah às mulheres-fruta, o funk carioca comemora 22 anos de existência em 2011. Seu marco zero é o disco “Funk Brasil”, de 1989, produzido pelo DJ Marlboro. A coletânea tinha o primeiro funk carioca gravado, a “Melô da mulher feia”, cantada pelo Mc Abdulah, além de faixas como “Melô do bêbado” e “Rap das aranhas”.

O disco vendeu 250 mil cópias e o funk saiu das comunidades para conquistar o resto do Rio de Janeiro e do Brasil. Por dois anos (em 1995 e em 2001) foi o ritmo do verão por excelência, conquistando as rádios de norte a sul do território nacional.

Em 2005, começou a ensaiar a invasão no exterior, com M.I.A. e os curitibanos do Bonde do Rolê, e em 2011 o gênero, muitas vezes discriminado, tem a chance de virar oficialmente um movimento cultural, com lei e tudo. Uma história movimentada e impressionante para um ritmo com apenas vinte anos de idade. Confira abaixo a linha do tempo do funk carioca elaborada pelo G1 com base nos livros "Batidão" e "O mundo funk carioca" e entenda um pouco dessa história.

Anos 60
: James Brown inventa o funk com músicas como "Please, please, please", transformando o soul em um gênero dançante e frenético, que vai influenciar a criação da discoteca e da música eletrônica durante as próximas décadas.

Anos 70: Em São Paulo, equipes como a Chic Show montavam bailes de música black (funk e soul, especialmente) pela periferia. No Rio de Janeiro o movimento ganhou um nome: Black Rio, que chegou a virar nome de banda. O movimento também contava com artistas como Tim Maia, Cassiano, Gerson King Combo e outros bambas. Equipes de som criadas na época, como a Furacão 2000 e a Cashbox seguiriam nas décadas seguintes dentro do funk carioca.

1982: Afrika Bambaataa inventa o electro com “Planet rock”, misturando a batida seca e grave da bateria eletrônica TR-808 com um sample de “Trans-Europe Express”, dos alemães eletrônicos do Kraftwerk. O ritmo vai inspirar o miami bass e também o funk carioca.
Anos 80: As “melôs” viram lugar-comum nos bailes do Rio – “You talk too much”, do Run DMC, vira “Taca tomate”, por exemplo. Na Flórida é criado o miami bass, estilo de rap com uma forte batida grave, e grupos com letras de duplo sentido como o 2Live Crew

1989 : MC Abdullah grava o primeiro funk carioca – “Melô da mulher feia”, sobre a base de “Do wah diddy”, da 2Live Crew. A música é a primeira gravada para a coletânea “Funk Brasil”, produzida pelo DJ Marlboro, marco inicial do funk carioca, que ainda tinha a “Melô do bêbado” e o “Rap das aranhas”.

1990: MC Batata faz o primeiro funk a ser conhecido em rede nacional: “Feira de Acari” foi trilha sonora da novela “Barriga de aluguel”. A letra tinha trechos como “Ele disse que na feira/ Pelo preço de um bujão/ Eu comprava a geladeira/ As panelas e o fogão/ Tudo isso tu encontra/ Numa rua logo ali/ É molinho de achar/ É lá na feira de Acari”.

1992: O “Rap do Pirão”, homenagem do MC D’Eddy à turma do Mutuapira e do Boa Vista inaugura a era dos raps de galera. Já a cantora Fernanda Abreu (ex-Blitz) aparece com a faixa “Rio 40 graus” em seu novo álbum, “SLA 2 be sample”, inspirada no funk carioca.

1994: A apresentadora Xuxa pavimenta o estouro do funk em rede nacional com o segmento “Xuxa hits”, no seu programa “Xuxa park”. Entre os sucessos apresentados lá estava o funk melody (ou charm) “Me leva”, de Latino.

1995: O “Rap da felicidade” de Cidinho e Doca vira hit nacional, arrancando elogios até de Caetano Veloso. A primeira onda nacional do funk ainda conta com Claudinho e Buchecha (com o melody “Conquista”), Junior e Leonardo (com a primeira versão do futuro proibidão “Rap das armas”) e William e Duda (de “A de abalô”). Os últimos ainda gravaram com Lulu Santos, que levava o funk para o pop rock no disco “Eu e Memê, Memê e eu”.

1997 - 2000: Enquanto o sucesso do funk esfriava no resto do Brasil, o MC Maluco aparecia com “Ah! Eu tô maluco!”, surgido de improviso em um baile. Durante essa época, começaram a ocorrer os “corredores”, onde os frequentadores se enfrentavam com pancadas. Durante essa época, muitos bailes foram fechados e alguns promotores de festas chegaram a ser presos. Ao mesmo tempo, grupos de rock como Funk Fuckers e Comunidade Nin-Jitsu começavam a flertar com o ritmo.

2001: A segunda onda do funk carioca começou em 2001 e consolidou o gênero no país – começando com “Cerol na mão” (além de “Tchutchuca” e “O baile todo”), sucesso do Bonde do Tigrão. Outros hits foram “Tapinha”, da MC Beth e do Mc Naldinho e “Planeta dominado”, do SD Boyz, enquanto Kelly Key aproximava o funk do pop com “Baba”. Misturando funk e rock, as guitarras de “Popozuda rock ‘n’ roll” dos gaúchos do De Falla também dominaram as rádios.

2002 - 2003: A desbocada Tati Quebra-Barraco surge com hits como “Montagem pidona”, “Montagem trocadilho DAKO"

2004 - 2007: A música “Bucky done gun”, sampleando “Injeção” de Deize Tigrona, começa a invasão do funk pelo mundo. Lançada pela cingalesa M.I.A. e produzida pelo DJ norte-americano Diplo, a música abriu espaço para gente como o Bonde do Rolê, grupo curitibano de classe média que chegou a lançar disco na Inglaterra com músicas como “Gasolina” e “Solta o frango”.


2008 - 2009: Com o sucesso do “Créu” e sua garota-propaganda, a Mulher Melancia, o funk criou a era das mulheres-fruta. Ao mesmo tempo, DJs como Sanny Pitbull tocam no exterior e já defendem a existência de um pós-funk, um funk carioca modernizado e globalizado. Cidinho e Doca que o digam – sua versão “proibidão” de “Rap das armas” (da trilha sonora de “Tropa de elite”) virou hit na Suécia e ganhou recentemente um remix kuduro, ritmo conhecido informalmente como o “funk carioca de Angola”.



Retirado do G1 (Portal de notícias da Globo)


1 comentários:

Tuty_Xp disse...

com certeza esse texto não foi escrito por uma pessoa que curte esse estilo, Funckeiro ! U.u'

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